O JUDAISMO E A CULTURA DA PAZ


judaismo
JOEL CHAIM, professor de Matemática da 8ª série do Ensino Fundamental II e Desenho Geométrico do 1º ano do Ensino Médio. Coordenador das turmas C e D, do 1º ano.
A  religião judaica teve  origem há milhares de anos , a partir dos ensinamentos divinos recebidos por Moisés, no Monte Sinai. Judaísmo é um termo hebraico que significa “ dar graças a  Deus.”
O judaísmo coincide com a própria história de um povo: o povo judeu. Os primeiros judeus, os hebreus, habitavam a Mesopotâmia, quando passaram a adorar um Deus único, que não poderia ser representado por imagens. Essa é a grande marca do judaísmo que se renova a cada dia, em cada judeu, na afirmação constante da aliança que o povo hebreu fez com Deus.

Com o passar dos anos, a ligação do povo judeu com a religião foi se aprofundando, a partir de fluxos e dinâmicas constantes.Isso pode ser constatado no momento de crise da religião e do antissemitismo. O Sionismo se estabelece, impondo a esperança da criação de um Lar Judaico, que reforçaria a ligação entre o povo e seu sentimento de pertencimento, fortalecendo o grupo e buscando,desse modo, garantir a segurança e a sobrevivência de todos os judeus no mundo.Nesse sentido, o judeu, como recebera nos ensinamentos de Moisés, está ligado às gerações que o precederam e com as gerações a vir. Recebemos a tradição de nossos pais e passamos a nossos filhos o espírito de justiça, tolerância e respeito com os outros. Moisés, após receber os dez mandamentos de Deus, começou a criar para nós uma legislação sobre como conduzir um povo moral, espiritual, social e economicamente, elaborando os alicerces fundamentais da existência de nosso povo e de uma nação.

A Criação do Estado de Israel, em 1948 , presidida pelo então secretário da ONU,o brasileiro Osvaldo Aranha, foi resultado desse movimento de afirmação e fruto de uma conquista e da luta de homens que, em defesa de seus sonhos e do desejo de continuidade de um grupo, construíram um Estado para os judeus que, naquele momento, não pertenciam mais a lugar nenhum.

O Estado de Israel congregou judeus (e não judeus) de todas as partes do mundo, oriundos de culturas diferentes, trazendo interesses e desejos distintos e cujos anseios de consolidarem uma nação autônoma  se chocaram com os grupos de países que fazem fronteira com Israel.

Os choques entre Israel e os países árabes resultaram em guerras que não são vivenciadas no âmbito religioso. Guerra e dominação são campos das relações de poder e da política. Guerra, portanto, não se relacionava com o judaísmo em si, mas, talvez, esteja relacionada com a existência do judeu que se concretizou no próprio Estado de Israel. Judaísmo é a renovação, em cada judeu, de sua ligação com Deus e com a adoção de valores e sentimentos implicados numa tradição própria. A Guerra é reflexo de uma luta no campo político e que experiencia atos de violência, deslocados da aproximação com o divino. A religião pode ser manipulada para justificar uma guerra, mas não é possível defender que ela se estabeleça, de fato, nos sentimentos com Deus.

A ideia de paz vincula-se a um consenso entre os grupos, que, tradicionalmente, significa a prevalência dos interesses do grupo mais forte sobre os demais. A paz, enquanto consenso, é interessante? É possível, numa declarada intenção de destruir o Estado de Israel, por parte de lideranças árabes, estabelecer a paz?
Estes são pontos para reflexão que não exigem uma resposta , mas deixam em aberto a possibilidade de se pensar a respeito. É preciso pensar de fato, não só no conflito e na paz, mas nos processos que conflito e paz implicam. Precisamos refletir sobre o modo como lidamos com o(s) outro(s) e repensar as relações entre os grupos, valorizando a tolerância e os modos de lidar com as diferenças .

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